São Tomás de Aquino, ao refletir sobre a natureza humana, destaca a dualidade que nos define: somos seres racionais, mas também mortais. Apesar de possuirmos a capacidade de raciocinar e de aspirar a um futuro melhor, não podemos escapar à dura realidade da nossa finitude. Esta consciência da mortalidade é, de facto, um aspeto central na sua filosofia, que nos recorda a fragilidade da condição humana e suscita em nós a urgência de procurar um propósito que transcenda as divisões ideológicas, sociais e económicas que nos cercam.
Vivemos numa era marcada por intensos conflitos e guerras ideológicas, que nos afastam uns dos outros. Observa-se uma triste tendência: em vez de nos unirmos, a humanidade tende a perder-se nas suas divergências, frequentemente esquecendo que partilhamos um mesmo destino, o legado herdado de Adão. Segundo Aquino, a sabedoria reside em reconhecer e aceitar essa finitude, que deve guiar as nossas ações rumo ao bem comum e à harmonia social.
Assim, a reflexão “Tomazina”
convida-nos a perceber que, apesar dos conflitos, a nossa mortalidade e a procura
por uma verdade comum podem unir-nos. Essa busca não é apenas um ideal; deve
moldar as nossas ações diárias, ajudando-nos a construir um mundo mais justo e
solidário. Ao abraçarmos a consciência da nossa finitude, encontramos um
poderoso motivador para a reconciliação e a unidade entre todos nós. Ao
reconhecermos a nossa vulnerabilidade, podemos deixar de lado as divisões que,
em última análise, nos enfraquecem como sociedade.
Tal como a substância e o acidente
coexistem, também as nossas identidades, distintas nas suas manifestações,
convergem para um propósito comum. Nós, enquanto seres racionais, aspiramos a
alcançar o nosso pleno potencial. Ao valorizarmos a virtude e a razão,
conseguimos ultrapassar conflitos e, enquanto não percebermos que o bem maior
emerge da verdadeira harmonia e interdependência dos múltiplos “eus”, nunca
teremos a Paz.
Jorge Santos Silva
Comentários
Enviar um comentário