Calma...
E escreve.
Deixa que os outros ouçam os teus pensamentos,
comentem os teus lamentos,
riam-se das tuas certezas, como tu ris dos pedantes.
Sente pena dos ignorantes,
pois deles será o Reino dos Céus...
mas na terra, nada são,
nem poeira ao vento, nem sombra de sombra.
Fecha o semblante.
Olhar sério, máscara fria,
porque muito riso, pouco siso,
e eu quero ser levado a sério!
Ou talvez não...
Calma! Mas porquê?...
Não sei. Mas calma...
Porque feliz é quem vive na cegueira da ignorância,
quem escuta, mas não ouve,
quem vê, mas não enxerga.
E para quê ditar aqui sapiência,
se as almas estão surdas?
Deixa, que a razão vem sempre ao de cima.
Ou será a verdade?
Caramba... e agora?
Que fique claro:
não me deixarei consumir por esta dúvida,
porque até a merda flutua...
E os Doutos,
casta à qual não pertenço,
não se deixam empertigar pela dúvida—
essa que é a razão da razão,
ou a inexistência dela.
Jorge Santos-Silva
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