A Ira não é descontrole, nem grito lançado ao vazio. É luz clara numa noite turva, é o olhar que vê o que foi distorcido, o espelho quebrado que ainda reflete a verdade. Surge quando a manipulação envenena o santuário da razão e do afeto, quando o veneno dos outros circula silencioso e ameaça corroer a essência, a identidade. Não é desvio, nem falha moral — é defesa viva, a resposta imune de um corpo fatigado, que se ergue contra a infeção simbólica. A Ira dignifica-se na justiça do seu fogo, quando é limite que rasga a névoa, quando é rutura que liberta, quando não procura destruir, mas cortar — cortar o que oprime, cortar o que mente, cortar o que explora. Jorge Santos-Silva
Horizontes do Câmbrico Literário" é um blogue que explora a riqueza da literatura em todas as suas formas. Com resenhas, recomendações de leitura e análises de tendências, este espaço convida os leitores a mergulharem no vasto universo da palavra escrita. Descobre novos livros, desvenda os segredos por trás das grandes obras e explora as conexões entre a literatura e outras áreas do conhecimento. Sê bem-vindo a uma jornada inesquecível pelo fascinante mundo da literatura.